segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Taipas (parte I) - povoamento, águas, usos e costumes


Capela de Santo António, início do século XX (Fonte: S. M.S.)
As Taipas terão sido desde a Proto-História até a Idade Contemporânea um local de povoamento disperso e só relativamente tarde desenvolveram um pequeno aglomerado de habitações. Como é referido por alguns testemunhos do século XVIII e dos inícios do século XIX, as Caldas das Taipas eram apenas um conjunto disperso de habitações, tendo como pontos de destaque e interesse as águas termais (depois os banhos propriamente ditos), a Ara de Trajano e a Capela de Santo António (demolida em 1917). Possivelmente, na época em que as águas termais foram usadas pelos romanos, as Taipas podem ter sido um ponto de encontro de pessoas que ali procuravam cura para os seus males, fazendo também das termas um local de sociabilidade como, na época, era prática comum[1]. Contudo, da época da ocupação romana do espaço em análise, não nos chegaram dados relativos a esta temática. Da Idade Média chegam-nos poucas notícias sobre as Taipas e, até ao momento, nenhuma sobre as suas águas e as suas virtudes termais.
No século XVIII, mais precisamente em 1753, as águas termais das Taipas são recomendadas para fins terapêuticos por Frei Cristóvão dos Reis. Já em 1758, nas Memórias Paroquiais, é-nos dito que, às referidas águas “muitas pessoas” que se achavam bem “com os ditos banhos”. Mas, no século XVIII, o principal motivo de afluência de gente de fora às Taipas era, ao que tudo indica, a romaria à Capela de Santo António onde, segundo as Memórias Paroquiais de 1758 vinha “algum povo de fora à festa”. Mais de cem anos depois, como se verá adiante, acorriam a esta festa milhares de pessoas. Em 1819, o casamento na Capela de Santo António do Fidalgo bracarense Gaspar de Vilhena Coutinho com D. Maria José Favorot terá sido um acontecimento digno de nota nas Taipas e parece demonstrar que a capela tinha alguma importância na região ou que, pelo menos, era o local de eleição para prácticas religiosas  das famílias que possuiam propriedades nas suas imediações.
Com uma maior (embora ainda pequena) divulgação das propriedades das águas taipenses no início do século XIX começa a verificar-se uma maior procura das águas termais das Taipas. Possivelmente, é neste contexto que, em 1818, a Câmara de Guimarães constrói um balneário com o intuito de substituir as barracas de madeira até então usadas pelos banhistas. Apesar deste importante melhoramento a situação das Taipas, no que diz respeito ao aproveitamento das suas águas termais, ficaria praticamente inalterada até à segunda metade do século XIX.
Na segunda metade do século XIX e inícios do século XX, com os diversos melhoramentos introduzidos nas Taipas[2] e nos seus banhos a afluência  de banhistas conheceria  o seu auge, aumentando não só o número de família que ali acorriam nas férias e para banhos termais, mas também o numero de actividades ali realizadas para entretenimento das mesmas.



[1] Flores, Moacyr (org), Mundo Greco-Romano – Arte Mitologia e Sociedade, 2 ed., Porto Alegre, EDIPUCRS, 2000.
[2] Para além dos melhoramentos na localidade e nas termas  um dos aspectos que terá contribuído para o aumento do número de visitantes às Taipas foi uma carreira regular entre Guimarães e as Taipas, que começou a funcionar em 1842, como se pode ler na seguinte efeméride publicada no “Vimaranense” de 16.06.1897 “– Efemérides – 1842: Sai para as Caldas das Taipas, pela primeira vez, o omnibus da carreira que o alquilador Gaita estabelecera entre Guimarães e aquela povoação. Este omnibus tinha capacidade para 10 pessoas pagando cada uma delas a quantia de 160 reis. As carreiras eram aos domingos, terças e quintas feiras.

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